Mapa das Ações afirmativas no país

Mapa interativo das ações afirmativas nas Universidade públicas do país

O EDUCAFRO (ONG cujo objetivo é é reunir pessoas voluntárias e solidárias que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres, em geral, nas Universidades Públicas ou Particular com bolsa de estudos, possibilitando seu empoderamento e mobilidade social) lançou essa ferramenta para acompanhamento das Universidades que promovem Ações Afirmativas.

Contribuição de Renato de Alcantara

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escola & Família: modos de educação

(Resenha do artigo Modos de educação, gênero e relação escola-família de Maria Eulina Pessoa de Carvalho)

As relações entre escola e família baseiam-se em divisões do trabalho na educação de crianças e jovens. Sabe-se que modos de educação são históricos e articulam trabalhos educacionais e familiares, este último sobrecarrega diretamente as mães perpetuando, com isso, a iniqüidade de gênero. Essa questão está na base da cartilha montada pela equipe técnica do PDE, cujo conteúdo mostra à comunidade escolar a importância do envolvimento dos pais na educação dos filhos. Tal participação pode ser espontânea ou incentivada, mas encontra-se atrelada à obrigação desses responsáveis de efetivamente comparecer às reuniões e acompanhar os filhos nos deveres de casa.
Na maioria das vezes as professoras recorrem aos pais quando se sentem frustradas ou impotentes. Por isso, na escola pública é desejável um aumento na participação democrática cujo objetivo seria a construção de uma continuidade cultural de propósitos entre família e escola. Já a procura dos pais pela escola ocorre quando há insatisfação escolar por parte da mãe ou dos professores, mas o contato não acontece quando o resultado é satisfatório. Daí se define o sucesso ou fracasso escolar. Também se observa que a mãe é presença comum em reuniões, enquanto o pai, quando aparece, causa surpresa, havendo assim um desencontro nas relações de sexo/gênero quanto à participação familiar/educacional dos filhos.
No que se refere ao cumprimento de tarefas pelo aluno, percebe-se que tal fator ocorre com mais frequência nas famílias com boas condições financeiras (geralmente conta com a mãe tendo conhecimento e tempo para a função junto ao filho), enquanto aqueles que não as cumprem são geralmente frutos de pais e/ou mães ausentes ou analfabetos, com condições financeiras inferiores.
Antigamente, a tarefa de educar a criança quanto à transmissão cultural era assumida por um grupo familiar, no qual aos homens era atribuído o trabalho produtivo (intelectual – papel da escola) e às mulheres o trabalho reprodutivo (afetivo – papel da família). A elite, por sua vez, contava com uma educação diferenciada e restrita culminando em desigualdades visíveis.
Na modernidade capitalista, a educação e a família se diferenciaram e se especializaram. Famílias extensas, aquela composta também por avós, tios e outros parentes, são uma raridade, pois o modelo formado apenas por pai, mãe e filhos é dominante. O lar tornou-se local de intimidade enquanto a escola, local de reprodução de cultura letrada e valores sociopolíticos. No entanto, como hoje tanto os pais quanto as mães trabalham fora e buscam igualmente realização profissional, coube a escola assumir funções sociais e emocionais. No final do século XIX, Durkheim já apontava a superioridade da escola sobre a família na função de socialização para a vida moderna e também no acesso ao mercado de trabalho, principalmente nas classes menos favorecidas. Entretanto, a realidade atual mostra que escola não eliminou as desigualdades sociais e a família ainda é responsabilizada pelo sucesso ou fracasso escolar
Escola e família ainda são dois polos de educação separados. Na família moderna vê-se o divórcio, mães trabalhadoras e/ou chefes de família e na escola a reprodução das desigualdades de classe, gênero e raça. Assim, a reprodução cultural e social, reflete a distância ou afinidade entre cultura doméstica e cultura acadêmica, quando na verdade a escola poderia compensar as diferenças culturais investindo em práticas pedagógicas efetivas, pois a escola tem autonomia para reduzir ou aumentar a dependência dos alunos em relação à origem, ao social e à cultural. Isso só depende das práticas educativas adotadas.
Finalmente, cabe lembrar que na família os assuntos curriculares são destinados quase sempre à mãe, mesmo que esta tenha as mesmas atribuições do pai na sociedade, o que revela mais uma faceta da assimetria nas relações de gênero, nesse caso o trabalho de educar e supervisionar a educação da prole, que recai sobre a mulher. Note-se que, desse modo, as expectativas em relação ao sucesso escolar será sempre responsabilidade da mãe. Como se pode perceber, os estudos de gênero na educação oferecem perspectivas críticas às mulheres/professoras, pois enquanto pressões referentes à avaliação recaem sobre os gestores, estes esperam a participação da família na escola. Vale repetir a citação, extraída da Aprendendo com carinho (Sec. de Educação e Cultura, João Pessoa, 2002), feita por Maria Eulina Pessoa de Carvalho: “os pais são os primeiros professores e a casa a primeira escola da criança”.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de Educação, gênero e relações escola-família. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n121/a03n121/pdf
 Acesso: 22/07/2011.