Mapa das Ações afirmativas no país

Mapa interativo das ações afirmativas nas Universidade públicas do país

O EDUCAFRO (ONG cujo objetivo é é reunir pessoas voluntárias e solidárias que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres, em geral, nas Universidades Públicas ou Particular com bolsa de estudos, possibilitando seu empoderamento e mobilidade social) lançou essa ferramenta para acompanhamento das Universidades que promovem Ações Afirmativas.

Contribuição de Renato de Alcantara

domingo, 18 de dezembro de 2011

Preconceito em Poesia


 



Que culpa tenho eu
Se tua pele é branca,
Se minh’alma é franca,
Se o preconceito é teu?

Orgulho tenho eu
Da minha negritude,
Pois essa é uma virtude
Que Deus-Pai me deu.

Que culpa eu posso ter
Se nada fiz pra merecer
De Deus tanto amor?...

Rasga do teu peito
O infame preconceito
Contra minha negra cor!
(Joésio Menezes)



Retirado de http://joesio.blogspot.com/, acesso em 09/12/2011 Por Sabrina Mageski

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Quilombolas poderão comercializar produtos com nota fiscal


Quilombolas do estado do Espírito Santo, certificados pela Fundação Cultural Palmares (FCP), poderão comercializar os produtos cultivados em seus territórios, emitindo notas fiscais. A medida aprovada pelo governo do estado foi decretada na última semana do mês de julho, e torna possível a participação das comunidades em programas de compra de alimentos do Governo Federal.
O Decreto n° 2808-R/2011 que altera o Artigo 41-A da Constituição Estadual é resultado de debates entre comunidades, associações quilombolas, a Coordenação Estadual Quilombola Zacimba Gaba, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
De acordo com o diretor do Departamento de Proteção ao Patrimônio Afro-Brasileiro (DPA) da FCP, Alexandro Reis, “O Decreto tem papel fundamental para a inclusão produtiva, a garantia de renda e a melhoria da qualidade de vida dos quilombolas”, ressalta.
adaptado de  http://www.palmares.gov.br/?p=13131 acessado em 01/12/2011
(Contribuição de Wendes e Renato)

Lélia Gonzalez. Veja os vídeos e comente!

Já ouvi dizer que um blog tem que ser ágil e não pode exigir muito tempo do seu leitor, que na internet tudo acontece rápido. Não sei se entendo ou acredito nisso pois sou de outra época.
Sendo assim, encontrei esses dois depoimentos de Lélia Gonzalez,  intelectual negra que escreve, entre outras coisas,  o artigo A questão negra no Brasil mostrando que o racismo cria mecanismos para a manutenção do papel subalterno do/a negro/a na sociedade de classes. Além disso criticava duramente a ideologia que relegava as mulheres aos papeis sexuais , de trabalho e maternais similares aos do período colonial escravocrata.
Cada parte tem cerca de 11 minutos. Gostaria muitíssimo que você comentasse as instigantes falas dessa fantástica pensadora.





O moderno Movimento Negro brasileiro: trajetórias


Com profundas relações com os períodos de democracia plena no Brasil, o movimento negro moderno emerge no século XX, propondo a integração do negro na sociedade capitalista. Grêmios recreativos, associações beneficientes e sociedades cívicas constituíram-se como espaço de lazer e auxílio da população negra pobre. Destaca-se a Frente Negra Brasileira (FNB) cuja atuação era baseada no enfrentamento público do preconceito e daqueles que impediam o pleno gozo dos direitos civis. Antes mesmo que a integração social dos afrobrasileiros se desse, a própria Frente, composta por profissionais liberais, garantia uma rede de proteção social para os seus associados, através de assistência financeira, jurídica, médica e educacional.
Por não ter eco na agenda política dos partidos conservadores ou mais populares do país à época, as questões referentes ao/a negro/a eram efetivamente cumpridas pela FNB, que deixa como legado a prova da exeqüibilidade da universalização do conceito de cidadania no Brasil. Infelizmente, durante a ditadura de Vargas, as vozes desses valorosos homens e mulheres são caladas.
Findo o Estado Novo, temos o reflorescimento do movimento negro no país. Em um contexto histórico de questionamento das teorias racistas, que apoiaram o Nazismo e o Fascismo, os militantes da causa do/a negro/a não buscam somente a integração social: o foco desloca-se, também, para a expressão cultural e sua ligação com a sociedade. Entidades luminares são A União dos Homens de Cor (UHC) e o Teatro Experimental do Negro (TEN).
A primeira objetivava dar visibilidade à temática do preconceito racial. Já o TEN, tinha como objetivo a valorização da identidade cultural e o reconhecimento da ancestralidade africana, entendida como elemento antialienante, antídoto para o embranquecimento social, aceitação tácita de valores da sociedade dominante, composta por brancos Sua atuação surge na urgência da construção de um teatro negro que se oponha à discriminação na vida social do país.  Veja no vídeo abaixo a fala de seu fundador o intelectual, ator, dramaturgo e Senador Abdias do Nascimento (1914-2011)

Peças com temáticas afrobrasileira ganham força e importantes atores são revelados como Haroldo Costa, Abdias Nascimento, Rute de Souza e Lea Garcia. Além disso, o TEM não perde a meta da inserção do negro na comunidade político-econômica brasileira. Mais uma vez a ditadura, agora a gerada no golpe de 1964 silencia as vozes da igualdade.
Em meados de 1970, com a abertura política, nova mobilização negra floresce: Influenciada pelo marxismo, embalada pela soul music, estilizada no black power estadunidense, agrega um novo conceito à luta contra o racismo, a consciência negra despertar crítico para a luta por reconhecimento e cidadania num movimento simultaneamente individual e coletivo de afirmação étnico-racial que se liga às particularidades de nossa realidade sócio-histórico-cultural, sendo o Movimento Negro contra a Discriminação Racial a entidade mais representativa desse período.
Contemporaneamente, o movimento negro assume a reinvidicação por direitos civis sociais e reconhecimento social. O fato de haver, hoje, as comemorações no feriado de 20 de novembro, homenagem a Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra mostram que essas agendas vêm sendo atendidas, apesar de ainda haver um grande caminho a se trilhar para a plena conquista da igualdade.
Se as mobilizações dos Movimentos Negros e de parceiros de outros movimentos sociais possibilitaram a criação e fortalecimento da Fundação Palmares, da criação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, e da promulgação da lei 10639/2003, instituindo o ensino de História e cultura da África e dos/das Afrobrasileiros/as em todas as instituições de ensino do país, ainda há muito o que se fazer para que o país garanta pleno exercício da cidadania a todos e todas: negros, negras, branco, brancas, índios e índias.
(contribuição de Renato de Alcantara)

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

EDUCANDO PARA A DIVERSIDADE

Educando para a diversidade: as leis Federais 10.639/03, e 11645/08.

Dados do PNAD/IBGE (2009) demonstram que 44,2% dos brasileiros se autodeclaram pardos, 6,9% se dizem negros, 48,2%, brancos e 0,9% afirmam pertencer a outras raças. No entanto o ambiente escolar não reflete essa diversidade. Prova disso é a baixa concentração de negros e pardos no ensino superior e a pouca presença da história e da  cultura afro-brasileira no material didático do ensino básico. Na verdade, mesmo nos cursos universitários, o percentual de estudos nesses campos  ainda é proporcionalmente pequeno. Este quadro fere princípios basilares da Constituição Federal, que pela atenção dada à igualdade de direitos e garantias ficou conhecida como “constituição cidadã”.
Nesse sentido, é de importância capital o papel da educação para efetivar ações afirmativas, visando à valorização e o reconhecimento da identidade e singularidade de todas as etnias que compõem a população brasileira. Para a população negra (somatório de negros e pardos), esse reconhecimento se deu de forma inequívoca com a sanção da Lei Federal n° 10.639/03, mais tarde alterada pela Lei 11645/08, a fim de contemplar também a população indígena e sua cultura. Os desdobramentos desses instrumentos legais estendem seus efeitos a todos os níveis da educação, restando claro o papel agregador e formador das instituições de ensino superior no que diz respeito à política de educação para as Relações Interraciais.
Vários dispositivos legais foram concebidos no intuito de se regulamentar e nortear esse escopo legal como o Artigo 1º  do Parecer CNE/CP 3/2004 que dá atenção especial “à formação inicial e continuada de professores, necessariamente quanto á Educação das relações Étnico-Raciais” e “ao ensino sistemático de História e Cultura Afro-brasileira e Africana, em especial em conteúdos de Educação Artística, Literatura e História do Brasil”. Além disso, quanto às atribuições das Instituições de Ensino Superior, o Plano Nacional para Implementação das Diretrizes Nacionais para Educação das Relações Étinico-Raciais destaca a capacitação de discentes para a produção e análise crítica de material didático e paradidático relativo à temáticas da cultura e história negras.
Desta forma, para a positiva implementação da lei 10/639/03 e sua correlata 11645/08, é necessário que esteja na agenda do poder público seja Municipal, Estadual ou Federal a efetiva realização de sensibilização e treinamento de docentes e demais profissionais de educação, a construção de acervo bibliográfico sobre as culturas afrobrasileira e indígena a fim de que estas não sejam somente estudadas ou celebradas nos dias 19 de abril ou 20 de novembro. Por fazerem parte da construção identitária de, pelo menos, 51% de toda a população do país devem ser percebidas no cotidiano escolar.





(Contribuição de Renato de Alcantara e Rosemary da Silva Granja)

Discriminação Institucional e Branquitude

DISCRIMINAÇÃO  INSTITUCIONAL 

A discriminação  institucional  (Bento, 1992)  tem  caráter  rotineiro  e contínuo,  sistêmico,  às  vezes  burocrático,  pode  variar de aberta ou encoberta,  visível  ou  escamoteada  da  visão  pública.  É importante salientar que:
·         discriminação institucional ocorre independente do fato de as pessoas terem ou não preconceito aberto, terem ou não intenção de discriminar;
·          racismo institucional faz parte da lógica das sociedades racistas;
·         comportamentos  de gestores, aparentemente livres de preconceitos, podem   gerar   conseqüências   negativas   para   os   grupos  sociais discriminados.
   São exemplos de discriminação institucional:
·         a   ausência  de  negros  nos  postos  de  trabalho,  mesmo  que  não ocorram atos isolados de vandalismo contra negros;
·         as  altas  taxas de mortalidade entre crianças negras, decorrentes de habitação ou alimentação inadequadas;
            É necessário chamar a atenção para os seguintes fatos:
·         a discriminação  racial tem como motor o desejo de manutenção e a conquista de privilégios de um grupo sobre outro;
·         a  noção  de  privilégios  é  essencial: o desejo de manter o privilégio, combinado ou não com a rejeição aos negros, gera discriminação;
·         a  discriminação  é  uma ação que restringe, que viola direitos e, para combatê-la,    necessita-se    da    criação    de    normas   regras,   leis institucionais. (CERT 2005  p.65)
CERRT, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Educação. São Paulo, 2005.

DISCRIMINAÇÃO INSTITUCIONAL E BRANQUITUDE

            A discriminação institucional tem caráter grupal, coletivo funciona como um acordo não verbalizado de modo que os agentes, em diferentes contextos, atuam de maneira similar, ou seja, sempre na defesa dos interesses do grupo.
            Muitas vezes, gestores brancos em lugares de poder oferecem grandes resistências á implementação de políticas de promoção da igualdade racial. Provavelmente muitos deles não se reconhecem como parte indissociável do quadro que gerou a desigualdade racial, bem como de sua reprodução contemporânea e de seu modo de funcionamento.
Em pesquisa realizada na administração pública, Bento (2002) observou que gestores organizacionais, habitualmente omissos quanto à discriminação contra negros, mostravam-se preocupados com a possibilidade de as políticas de ação afirmativa, ou de promoção da igualdade racial, discriminarem os brancos. Essa cumplicidade parece ser um importante elemento de identificação e de identidade branca, que influencia a ação desses gestores no cotidiano do trabalho.
            Vale lembrar que os brancos são “racializados” simplesmente por viverem em uma sociedade racializada, é necessário observar a experiência de ser branco. A ação de um gestor está sempre informada por essa condição de branco, que não é neutra, embora busque aparentar neutralidade. É sempre salutar perguntar: “ O que significa ser branco no Brasil”.   

CERRT, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Educação. São Paulo, 2005.


Para assistir a vídeos sobre este tema, siga o link abaixo.
http://www.ceert.org.br/videos.html

(Contribuição de Wendes Axis Cordeiro)

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Professores Negros no Brasil

PROFESSORES NEGROS NO BRASIL
Ao folhear o livro A cor da escola: imagens da Primeira República, de Maria Lúcia Rodrigues Müller, publicado em 2008 (Entrelinhas/UFMT), é impossível não se emocionar com beleza das imagens de rostos negros e mestiços em posses solenes estampados nas 54 fotos que, mais que ilustram, comprovam presença de professores negros nas salas de aula brasileiras mesmo antes da Abolição da Escravatura. AfinaI, até a professora Lúcia concluir sua pesquisa de doutorado na UFRJ (1998), acreditava-se que a participação dos professores negros no sistema nosso educacional havia começado apenas na década de 1960.
Além de fotos, foram coletados inúmeros textos datados do período da Primeira República (1889-1930) que mostram negros e negraslecionando e ocupando cargos de destaquenas escolas públicas dos estados do Rio de Janeiro e Mato Grosso. A pesquisa revela dois detalhes são importantes: primeiro alunos negros e brancos estudavam juntos e, depois, a maior presença de homens negros nas funções mais de maior prestígio, como a direção de escolas.
No entanto, a pesquisa mostra,também que, a partir da década de 1920, a presença de professores negros foi diminuindo até quase desaparecer, devido às políticas educacionais da época. “Entre 1910 e 1930 ocorreu um processo de branqueamento das posições de prestígio e das salas de aula. Muitos intelectuais achavam que a solução para o desenvolvimento do Brasil era a imigração da população européia. Então, foram criadas regras para afastar os negros” - afirma a pesquisadora em entrevista ao jornal O Globo de 29/11/2008. As regras para exercício da profissão faziam referência à conduta moral, local de residência e aparência saudável da candidata, o que incluía a quantidades de dentes obturados (quatro), e outras exigências que para muitas negras, quase sempre de origem pobre,eram difíceis de cumprir.

(colaboração de Rosemary Granja)

sábado, 3 de dezembro de 2011

22ª noite da Beleza Negra


Concurso com desfile da beleza negra




Em Vila Velha ocorrerá no dia 10/12/2011 a 22ª noite da beleza negra. Um evento interessante que divulga e valoriza a cultura negra, observando a vestimenta, o cabelo e o gingado, além da beleza natural do negro em nosso estado. Movimentos como este devem existir sempre para que o negro/a mostre a sua cultura, a sua "beleza". Neste ano Vargem Alta realizou o desfile na festa da comunidade quilombola de Pedra Branca, mas não participa em nível estadual.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Educar e Amar











“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele ou por sua origem, ou sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender. E se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar, pois o amor chega mais naturalmente ao coração humano do que o seu oposto. A bondade humana é uma chama que pode ser oculta, jamais extinta.”
(Nelson Mandela)



O ser humano nasce livre de sentimentos mesquinhos como o ódio pelo o outro e enquanto criança, são capazes de se envolverem entre si em diferentes situação sociais, como, brincadeiras, jogos, festas entre outros, independente de padrão social, cor da pele, religiosidade, etnia, É convivendo em seu meio social  que vai adquirindo comportamentos, desejos, jeito de ser que naturalmente são transmitidos de pai para filho. Sendo assim, se houver convívio com adultos que tenham se contaminado por conceitos pré concebidos fruto da historicidade vivenciada no seu cotidiano social e escolar, que na verdade é uma manobra dos dominadores no intuito de diminuir um determinado grupo, difundido o xenofobismo ou o etnocentrismo entre os povos o ódio pelo outro pode ser  dizimado sim entre os indivíduos.
Um dos terríveis sentimentos de rejeição ao outro é o racismo, que se defini como uma ideologia que busca explicar o comportamento humano pela sua origem racial. Do ponto de vista político, o racismo visa promover a crença da superioridade de uma raça sobre as demais. O ódio e o temor ao outro etnicamente diferente, sempre foram um comportamento da consciência humana.
No século XIX, o racismo foi fortalecido pelo mito do arianismo. Adquirindo uma poderosa dimensão político social. Através da Lei 10.639, de 09 de janeiro de 2003, que tornou obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-Brasileira em todos os estabelecimentos de ensino da educação, o Estado Brasileiro debate implantação das políticas de ações afirmativas para a população negra que, embora reivindicadas pelo movimento social negro, compõem o discurso estratégico dos organismos internacionais que defendem a instituição de políticas sociais focalizadas para os mais pobres, entre quais, a população negra se encontra em grande número. Será que a referida Lei tem realmente se efetivada nas instituições escolares? Será que estão oferecendo Formação aos professores para que eles saibam se posicionar com propriedade e justiças nas diferentes situações de racismo nas instituições? Será que está sendo trabalhada adequadamente a Lei com recorte sobre a contribuição africana na construção social e econômica do Brasil? Embora haja, historicamente, ações no sentido de negar o preconceito racial, com o velho discurso que deixa claro o mito da democracia racial, o seu entendimento torna-se um dado necessário para a compreensão das raízes das desigualdades econômicas e sociais da sociedade brasileira. Outro elemento não menos importante é a visão de que a dinâmica da desigualdade racial deve ser entendida com relação à luta de classes, tendo em vista a visão do racismo enquanto subproduto da forma capitalista de organização da sociedade. O racismo é desta maneira, resultado de justificações e classificações ideológicas, com o objetivo de subjugação a exploração da força de trabalho. Estas foram fundamentais para a solidificação do sistema capitalista no mundo.
Na luta pela promoção da igualdade racial várias bandeiras se levantam, e somente com a intervenção dos movimentos sociais que cobram dos órgãos competentes definições efetivas de políticas públicas e de reparação que podemos acreditar que a justiça será feita e que poderemos ter uma sociedade menos preconceituosa onde todos possam viver em igualdade de oportunidades. 


AZEVEDO, Thales de. Democracia Racial: Ideologia e realidade. Petrópolis: Vozes, 1975.
BANDEIRA, Maria de Lourdes. Antropologia. Diversidade e Educação. Fascículos 3º e 4º, 2º ed. rev. Cuiabá, EDUFMT, 2000.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil; 1999. 11. Ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Coordenação de Publicações, 1999.
LEI No 10.639, DE 09 DE JANEIRO DE 2003.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Racismo é Burrice

Assista ao vídeo sobre racismo do cantor e compositor Gabriel o Pensador e também a letra da música "Racismo é Burrice"
Racismo É Burrice
Salve, meus irmãos africanos e lusitanos, do outro lado do oceano
"O Atlântico é pequeno pra nos separar, porque o sangue é mais forte que a água do mar"
Racismo, preconceito e discriminação em geral;
É uma burrice coletiva sem explicação
Afinal, que justificativa você me dá para um povo que precisa de união
Mas demonstra claramente
Infelizmente
Preconceitos mil
De naturezas diferentes
Mostrando que essa gente
Essa gente do Brasil é muito burra
E não enxerga um palmo à sua frente
Porque se fosse inteligente esse povo já teria agido de forma mais consciente
Eliminando da mente todo o preconceito
E não agindo com a burrice estampada no peito
A "elite" que devia dar um bom exemplo
É a primeira a demonstrar esse tipo de sentimento
Num complexo de superioridade infantil
Ou justificando um sistema de relação servil
E o povão vai como um bundão na onda do racismo e da discriminação
Não tem a união e não vê a solução da questão
Que por incrível que pareça está em nossas mãos
Só precisamos de uma reformulação geral
Uma espécie de lavagem cerebral
Racismo é burrice
Não seja um imbecil
Não seja um ignorante
Não se importe com a origem ou a cor do seu semelhante
O quê que importa se ele é nordestino e você não?
O quê que importa se ele é preto e você é branco
Aliás, branco no Brasil é difícil, porque no Brasil somos todos mestiços
Se você discorda, então olhe para trás
Olhe a nossa história
Os nossos ancestrais
O Brasil colonial não era igual a Portugal
A raiz do meu país era multirracial
Tinha índio, branco, amarelo, preto
Nascemos da mistura, então por que o preconceito?
Barrigas cresceram
O tempo passou
Nasceram os brasileiros, cada um com a sua cor
Uns com a pele clara, outros mais escura
Mas todos viemos da mesma mistura
Então presta atenção nessa sua babaquice
Pois como eu já disse racismo é burrice
Dê a ignorância um ponto final:
Faça uma lavagem cerebral
Racismo é burrice
Negro e nordestino constróem seu chão
Trabalhador da construção civil conhecido como peão
No Brasil, o mesmo negro que constrói o seu apartamento ou o que lava o chão de uma delegacia
É revistado e humilhado por um guarda nojento
Que ainda recebe o salário e o pão de cada dia graças ao negro, ao nordestino e a todos nós
Pagamos homens que pensam que ser humilhado não dói
O preconceito é uma coisa sem sentido
Tire a burrice do peito e me dê ouvidos
Me responda se você discriminaria
O Juiz Lalau ou o PC Farias
Não, você não faria isso não
Você aprendeu que preto é ladrão
Muitos negros roubam, mas muitos são roubados
E cuidado com esse branco aí parado do seu lado
Porque se ele passa fome
Sabe como é:
Ele rouba e mata um homem
Seja você ou seja o Pelé
Você e o Pelé morreriam igual
Então que morra o preconceito e viva a união racial
Quero ver essa música você aprender e fazer
A lavagem cerebral
Racismo é burrice
O racismo é burrice mas o mais burro não é o racista
É o que pensa que o racismo não existe
O pior cego é o que não quer ver
E o racismo está dentro de você
Porque o racista na verdade é um tremendo babaca
Que assimila os preconceitos porque tem cabeça fraca
E desde sempre não pára pra pensar
Nos conceitos que a sociedade insiste em lhe ensinar
E de pai pra filho o racismo passa
Em forma de piadas que teriam bem mais graça
Se não fossem o retrato da nossa ignorância
Transmitindo a discriminação desde a infância
E o que as crianças aprendem brincando
É nada mais nada menos do que a estupidez se propagando
Nenhum tipo de racismo - eu digo nenhum tipo de racismo - se justifica
Ninguém explica
Precisamos da lavagem cerebral pra acabar com esse lixo que é uma herança cultural
Todo mundo que é racista não sabe a razão
Então eu digo meu irmão
Seja do povão ou da "elite"
Não participe
Pois como eu já disse racismo é burrice
Como eu já disse racismo é burrice
Racismo é burrice
E se você é mais um burro, não me leve a mal
É hora de fazer uma lavagem cerebral
Mas isso é compromisso seu
Eu nem vou me meter
Quem vai lavar a sua mente não sou eu
É você.
http://letras.terra.com.br/gabriel-pensador/videos/Lavagem+Cerebral/

Existe racismo no Brasil?

Em estudos realizados no módulo 3 deste curso GPPGR: Políticas Públicas e Raça é possível perceber a trajetória da discriminação do negro no Brasil desde a época da escravidão até os dias de hoje.
Segundo MUGANGA (2003:27) citado no texto Introdução ao Racismo “o conceito de raça, tal como o empregamos hoje, nada tem de biológico. É um conceito carregado de ideologia, pois como todas as ideologias ele esconde uma coisa não proclamada: a relação de poder e de dominação”. Assim é até hoje, mesmo que se avancem os estudos e pesquisas sejam quais forem, sempre haverá o intuito de tirar proveito de uma situação e infelizmente a sociedade capitalista prevê tais atitudes, principalmente nas questões raciais, já que em alguns momentos existe a associação entre o negro e a pobreza. Mas voltando ao contexto vê-se que as questões raciais são empregadas no convívio humano por meio de divergências culturais e classicistas, estas geram uma situação de intolerância extremada que chegam ao ódio e agressividade, estes fatos culminam no chamado racialismo – “conjunto das ciências que buscam comprovar que a raça humana está subdividida em outras raças ou sub-raças”. Este fato passa a ser chamado de racismo científico, já que surgiu a partir do estudo científico de raça no século XIX, cujas conseqüências foram imensuráveis como o colonialismo (política pela qual uma nação mantém sob seu domínio econômico, político ou cultural outra nação ou território), o nazismo e a apartheid. Ambos os eventos tinham como base a escravidão e/ou extermínio da raça considerada inferior. Outra forma de pensar o racismo vem como uma derivação do etnocentrismo, uma forma de julgar outra pessoa ou grupo a partir da aparência ou comportamento – racismo etnocêntrico – este ganhou força com a vinda de imigrantes europeus no século XIX. Tais questões geraram conflitos cujas conseqüências foram e são irreparáveis até os dias de hoje.
Se pararmos para pensar o negro passou de escravo a assalariado e a partir do capitalismo tornou-se “desempregado”, numa forma grosseira de dizer. Isso porque o indivíduo negro não possuía qualificação para um trabalho que garantisse sua ascensão na sociedade restando apenas os serviços braçais, ou seja, trabalhos pesados e sem valorização nenhuma. Infelizmente o passado escravista registrou no inconsciente coletivo a absurda noção da inferioridade do negro, criando-se um preconceito que se manifesta de variadas formas. Assim, mesmo com o Brasil sendo o país com a segunda maior população de negros no mundo, de acordo com dados do IBGE, poucos deles tem acesso a um mercado de trabalho digno, escolas privadas ou universidades, ou seja, o Brasil negro ocupa a 120ª posição mundial enquanto o Brasil branco ocupa a 63ª.
Hoje o racismo está presente entre a população de forma camuflada, no chamado “racismo retroativo” no qual as pessoas de um modo geral dizem conhecer racistas, presenciar situações de racismo mas nunca participar destas, fator este comprovado pelo jornal Folha de São Paulo o qual intitula o racismo cordial(existe nas piadas, brincadeiras, comportamentos, mas são desprovidos de agentes)), então o Brasil deixa de se tornar modelo de tolerância racial, visto que as pesquisas o apontam como um país racista.Hoje busca se analisar as desigualdades raciais por meio de estatísticas, como é o caso do IBGE que separa e verifica grupos por meio de indicadores como anos de escolaridade, moradia, mobilidade social, entre outros. De acordo com as pesquisas realizadas e dados do IBGE é possível perceber que nos últimos cinco anos as desigualdades raciais persistiram. Nesse período, de 1999 a 2008, percebe-se o crescimento dos assalariados, nos anos de estudo (embora ainda insatisfatórios), no trabalho doméstico e sua informalidade (principalmente entre pretos e pardos). E quando os negros rompem a barreira educacional, estudando o mesmo tempo que o branco e pertencendo a uma boa classe social passam a enfrentar outro obstáculo: a discriminação pela cor, não atingindo o ápice de sua carreira, este geralmente ocupado pelo branco.
Ainda em relação à cor observa-se a transmissão de desvantagens cumulativas passadas de geração em geração perpetuando as condições e perpetuando as questões de discriminação e desigualdade racial. Percebe-se que a tão sonhada democracia racial está longe de ser alcançada e divide-se em partes de acordo com a política vigente do país. Sabe-se ainda que uma sociedade diversa como a existente em nosso país necessita de pessoas capazes de formar opiniões e expressá-las de forma coerente, que seja de acordo com a realidade de cada grupo, isso só acontecerá, se acontecer um dia, quando passar a existir a igualdade de oportunidades,a família negra reconhecer sua identidade e seu papel na sociedade (ser reconhecida) e a escola for local de aprendizagem e não um instrumento de reprodução e exaltação da cultura e costumes europeus. A cidadania deve ser plena para todos: negros, brancos, ricos, pobres, homens, mulheres...

domingo, 27 de novembro de 2011

Questões de Raça

O negro sempre foi discriminado por sua cor, mas a humanidade se esquece do que é mais importante para o ser humano, talvez o caráter, o amor ao próximo e a si mesmo e também a justiça... Nosso povo tem marcado em sua pele a cultura europeia trazida para cá desde a época da colonização, porque não marcarmos também em nossa mente a riqueza da cultura africana que muito contribuiu para a formação da "RAÇA" brasileira?

Dia 20 de novembro comemoramos o dia da consciência negra, e o que é a consciência para nós que vivemos num mundo preconceituoso e egoísta?




"Enquanto a cor da pele for mai importante que o brilho dos olhos, haverá guerra" (Bob Marley)


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Genocídio de meninas

Genocídio de meninas

Qualquer dúvida acerca da importância da valorização da mulher e do seu empoderamento ao se tomar conhecimento de fatos relativos à condição da mulher no mundo contemporâneo como os publicados na reportagem “O genocídio silencioso de meninas”, do Jornal O Globo, edição de 02 de outubro de 2011. A matéria mostra que, conforme dados do último relatório do Banco Mundial (Bird) sobre “Igualdade de Gênero e Desenvolvimento,“ anualmente 1,427 milhão de fetos do sexo feminino são seletivamente abortados e 617 mil meninas morrem antes de alcançar 5 anos por negligência de gênero, ou seja, porque seu pais, diante da pobreza, preferem investir seus parcos recursos na criação de filhos homens. Essa triste realidade está presente no cotidiano de mulheres de países como Índia, China, Sérvia e Azerbaijão.
Sobre essa questão, a diretora do Departamento de Gênero, Direitos Humanos e Cultura do Fundo de População da ONU declara que o problema é antigo e acontece sempre principalmente na Ásia, mas agora está se espalhando pelo Cáucaso. “Temos sociedades com acesso à tecnologia, e algumas delas até mesmo produzindo tecnologia, mas a mentalidade não evolui na mesma rapidez. É como ter um pé na Idade Média e outro no século XIX”, completa.
(contribuição de Rosemary Granja)
3ª conferência regional de políticas para mulheres





Foi realizada no município de Iconha a 3ª conferência regional de políticas públicas para mulheres com o objetivo de melhorar as condições de saúde, educação, trabalho, enfim, dar melhores condições para que a mulher seja reconhecida e valorizada pela sua capacidade.

Por Gélia Cabral Cereza

O município de Vargem Alta/ES destaca-se por atuar em importantes acontecimentos que envolvam temas relacionados a gênero e raça.


RECONHECIMENTO DA LOCALIDADE DE PEDRA BRANCA COMO COMUNIDADE QUILOMBOLA


O município de Vargem Alta originou-se através da Lei n° 4.063, de 6 de maio de 1988 e sua instalação se deu em 1° de janeiro de 1989. Foi no início da colonização portuguesa que se instalaram as fazendas escravocratas na região, mas estas foram desativadas antes do início da imigração italiana no século XIX. Queremos aqui chamar atenção para o que diz respeito à cultura da raça negra em nosso município. Particularmente referente à localidade de Pedra Branca que foi reconhecida pelo Governo Federal como comunidade Quilombola, tendo como peça fundamental a presença da Comissão de Estudos da Cultura Africana e Afra Brasileira de Vargem Alta (CEAFRO VA), coordenada por uma força feminina do nosso município.




<href="http://gazetaonline.globo.com/_conteudo/2011/02/784798-comunidade+de+vargem+alta+e+reconhecida+como+quilombola.html

http://www.vargemalta.es.gov.br/default.asp" target="_blank">gazetaonline.globo.com</a>

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Eventos sobre Gênero e Raça no município de Vargem Alta

COMISSÃO DE ESTUDOS DA CULTURA AFRICANA EM VARGEM ALTA




A Comissão da Cultura Africana de Vargem Alta (CEAFRO-VA) realizou uma importante Formação Continuada para capacitação de professores do município, tendo como objetivo a inclusão no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade do tema “História e Cultura da África e Afro-Brasileira”, segundo dispõe a Lei 10.639/03.











EVENTO VIVA MULHER



A Secretaria Municipal de Saúde do município de Vargem Alta juntamente com a Coordenação da Estratégia Saúde da Família promoveu um importante evento dedicado às mulheres com o objetivo de enaltecer a Prevenção do Câncer de Colo de Útero e do Câncer de Mama. Dessa forma, o município pretende conscientizar todas as mulheres, principalmente aquelas que não possuem acesso a informações tão necessárias para sua vida.

http://www.vargemalta.es.gov.br/default.asp


Por sub-grupo 3 (Gabriela e Viviane)

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O Papel da Educação na Legitimação da Violência Simbólica

O conceito de violência simbólica foi cunhado pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu para se referir a um tipo de violência quase sempre invisível para as próprias vítimas, e que se exerce essencialmente pelas vias puramente simbólicas da comunicação e do conhecimento e não da agressão física.
A raiz da violência simbólica está, em tese, presente nos símbolos e signos culturais, especialmente no reconhecimento tácito da autoridade exercida por certas pessoas e grupos de pessoas. Deste modo, a violência simbólica nem é percebida como violência, mas sim como uma espécie de interdição desenvolvida com base em um respeito que "naturalmente" se exerce de um para outro. 
Ao cotejar o conceito apresentado com o tema do Grupo 2, qual seja, Igualdade de Gênero, Raça/Etnia na Educação Formal, percebe-se que a violência simbólica perpassa o discurso pedagógico, seja na rede pública ou na privada, e se desenvolve através da autoridade dos professores, revestida de  uma roupagem lingüística.
Como exemplo, a atitude professoral que pressupõe o uso legitimado de estratégias punitivas em relação aos alunos (como reprovações e castigos) que não se enquadram nos moldes sociais da instituição escolar. Sob a ótica dos educadores, o professor que literalmente “dá” a sua aula àqueles que querem e os que nada querem ficam alheios a situação passando por alunos indisciplinados, “os que não tem mais jeito”, ou os que têm ”desajustes familiares”, ou ainda “ ele é burro mesmo”, e ao contrário sob a visão desses alunos “esse professor é o bicho”, “ lá vem o Sadan” e assim criam um relacionamento interpessoal que dificulta o processo de ensino/aprendizagem. 
Sendo a educação escolar essencial na formação da sociedade, deve-se garantir que as crianças cresçam sabendo discernir toda a informação recebida. Assim, a escola estará cumprindo sua função de formar cidadãos preparados para transcender o determinismo social e cultural do processo de violência simbólica, construindo uma sociedade cada vez mais livre e igualitária.
Para conhecer melhor as formas de exposição à violência simbólica, conferir o artigo de Nadime L’Apiccirella, em http://cdcc.usp.br/ciencia/artigos/art_20/violenciasimbolo.html e artigo da Pedagoga Francisca Aparecida Baltha Silva, em http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo.asp?entrID=960

Redação Sub Grupo 2 (Sabrina e Silvana).

domingo, 2 de outubro de 2011

O PAPEL DA MULHER NA SOCIEDADE


A mulher, adaptada desde a infância ao ambiente do lar e ao discurso ideológico da submissão, ficou muito tempo restrita à integração na sociedade, ocupando-se em moldar um corpo reprimido numa inteligência aprisionada, interferindo de forma significativa em seus conhecimentos, capacidade de criar ou recriar os conceitos vigentes em sua época. Na década de 80/90 surge o feminismo, movimento feito pelas mulheres a fim de questionar a Constituição voltada para uma sociedade puramente machista, este movimento trouxe para dentro dos partidos políticos, a questão da participação ativa e crítica da mulher. Com o passar do tempo ela veio conquistando seu próprio espaço na sociedade causando certa crise de identidade para os homens, principalmente para os machistas que não aceitam a emancipação da mulher e se perdem em suas próprias atitudes quando percebem que essa emancipação é inevitável e irreversível.
Homem e mulher são seres humanos iguais em dignidade e direitos, e o que as mulheres propõem é simplesmente que a sociedade se estruture em função dessa igualdade, já universalmente declarada, mas ainda não concretizada, pois apesar de sua conquista existem algumas contradições quanto à inserção da mulher no mercado de trabalho, por exemplo. Muitas são trabalhadoras, mas seus salários ainda são menores que os dos homens, independentemente do setor que ocupa e até mesmo do nível de escolaridade. Além disso, a própria escola continua a reforçar os estereótipos sexuais.
De acordo com ROMERO (1995) “o homem torna-se humano, dentro da dimensão de sentido, nos valores que ele cria com base nos quais instaura um sistema de significados”. Sendo assim, vê-se que os processos de simbolização são muito importantes no estudo da cultura corporal. O corpo humano é uma parte muito especial do universo, pois nele habita o próprio indivíduo que percebe o mundo. Transcendendo a simples diversidade anatômica e fisiológica, a percepção do corpo conduz a uma diferenciação de gênero.
Para a mulher trabalhadora, casada e com filhos, a relação de lazer e trabalho torna-se ainda mais complexa por causa da dupla jornada que deve enfrentar (trabalho e tarefas domésticas), sobrando quase nada para o tempo de lazer, “nesse quadro em que ela é um elemento da hierarquia familiar, não há espaço para a mulher indivíduo” (BARROS, citado por ROMERO 1995)
  Nessa perspectiva damos ênfase a palavra sexo restringindo-se à sua definição biológica, sendo que a diferença entre os dois sexos, além dessa definição, refere-se às respectivas representações sociais e culturais. Percebe-se então que por detrás do termo há toda uma maneira de repensar a sociedade. Considerando a noção de cultura num sentido amplo, esta consiste num conjunto global de modos de fazer, ser, interagir e representar que, produzidos socialmente, envolvem os já comentados símbolos que definem o modo pelo qual a vida social se desenvolve. Sua análise implica tanto o produto da atividade humana quanto o processo. Assim cada sociedade particular efetua sobre o corpo uma série de ações que são operacionalizadas com base em técnicas corporais, tais como: posturas, movimentos na alimentação, na higiene, nas práticas sexuais, técnicas esportivas, etc.
           Portanto, é preciso que os desafios, os desejos, a curiosidade, a vontade de resistir, de ousar, distinguem os seres humanos na busca constante pelo desconhecido. Que a mulher na sociedade atual não se contente em apenas adquirir hábitos, mas que se desvincule dos modelos, das culpabilidades, das marcas que a sociedade inscreveu seus corpos, pois esta é cada vez mais um importante personagem na conquista de um novo modo de pensar e agir dos seres humanos, e como diz WALDOW, 1994 ela aponta para “outra alternativa” de ser, de relacionar-se, de conviver, de amar, de fazer a história. O que essas mulheres têm a dizer sobre sua visão de mundo e de transmitir suas experiências e saberes atuando por mudanças criativas que se impõem no presente e no futuro?

WALDOW, Vera Regina. A mulher na atualidade.  A terceira idade. Vl5, nº8, ed. SESC, São Paulo, junho de 1994, págs 17 a 24
ROMERO, Elaine. Corpo, mulher e sociedade(org). Campinas,SP: Papirus,1995.
     Políticas públicas e gênero. In: Curso de formação em gestão de políticas públicas em gênero e raça/ GPP-GeR, Módulo ||, unidade |. 
Por Gélia Cabral Cereza


segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Escola & Família: modos de educação

(Resenha do artigo Modos de educação, gênero e relação escola-família de Maria Eulina Pessoa de Carvalho)

As relações entre escola e família baseiam-se em divisões do trabalho na educação de crianças e jovens. Sabe-se que modos de educação são históricos e articulam trabalhos educacionais e familiares, este último sobrecarrega diretamente as mães perpetuando, com isso, a iniqüidade de gênero. Essa questão está na base da cartilha montada pela equipe técnica do PDE, cujo conteúdo mostra à comunidade escolar a importância do envolvimento dos pais na educação dos filhos. Tal participação pode ser espontânea ou incentivada, mas encontra-se atrelada à obrigação desses responsáveis de efetivamente comparecer às reuniões e acompanhar os filhos nos deveres de casa.
Na maioria das vezes as professoras recorrem aos pais quando se sentem frustradas ou impotentes. Por isso, na escola pública é desejável um aumento na participação democrática cujo objetivo seria a construção de uma continuidade cultural de propósitos entre família e escola. Já a procura dos pais pela escola ocorre quando há insatisfação escolar por parte da mãe ou dos professores, mas o contato não acontece quando o resultado é satisfatório. Daí se define o sucesso ou fracasso escolar. Também se observa que a mãe é presença comum em reuniões, enquanto o pai, quando aparece, causa surpresa, havendo assim um desencontro nas relações de sexo/gênero quanto à participação familiar/educacional dos filhos.
No que se refere ao cumprimento de tarefas pelo aluno, percebe-se que tal fator ocorre com mais frequência nas famílias com boas condições financeiras (geralmente conta com a mãe tendo conhecimento e tempo para a função junto ao filho), enquanto aqueles que não as cumprem são geralmente frutos de pais e/ou mães ausentes ou analfabetos, com condições financeiras inferiores.
Antigamente, a tarefa de educar a criança quanto à transmissão cultural era assumida por um grupo familiar, no qual aos homens era atribuído o trabalho produtivo (intelectual – papel da escola) e às mulheres o trabalho reprodutivo (afetivo – papel da família). A elite, por sua vez, contava com uma educação diferenciada e restrita culminando em desigualdades visíveis.
Na modernidade capitalista, a educação e a família se diferenciaram e se especializaram. Famílias extensas, aquela composta também por avós, tios e outros parentes, são uma raridade, pois o modelo formado apenas por pai, mãe e filhos é dominante. O lar tornou-se local de intimidade enquanto a escola, local de reprodução de cultura letrada e valores sociopolíticos. No entanto, como hoje tanto os pais quanto as mães trabalham fora e buscam igualmente realização profissional, coube a escola assumir funções sociais e emocionais. No final do século XIX, Durkheim já apontava a superioridade da escola sobre a família na função de socialização para a vida moderna e também no acesso ao mercado de trabalho, principalmente nas classes menos favorecidas. Entretanto, a realidade atual mostra que escola não eliminou as desigualdades sociais e a família ainda é responsabilizada pelo sucesso ou fracasso escolar
Escola e família ainda são dois polos de educação separados. Na família moderna vê-se o divórcio, mães trabalhadoras e/ou chefes de família e na escola a reprodução das desigualdades de classe, gênero e raça. Assim, a reprodução cultural e social, reflete a distância ou afinidade entre cultura doméstica e cultura acadêmica, quando na verdade a escola poderia compensar as diferenças culturais investindo em práticas pedagógicas efetivas, pois a escola tem autonomia para reduzir ou aumentar a dependência dos alunos em relação à origem, ao social e à cultural. Isso só depende das práticas educativas adotadas.
Finalmente, cabe lembrar que na família os assuntos curriculares são destinados quase sempre à mãe, mesmo que esta tenha as mesmas atribuições do pai na sociedade, o que revela mais uma faceta da assimetria nas relações de gênero, nesse caso o trabalho de educar e supervisionar a educação da prole, que recai sobre a mulher. Note-se que, desse modo, as expectativas em relação ao sucesso escolar será sempre responsabilidade da mãe. Como se pode perceber, os estudos de gênero na educação oferecem perspectivas críticas às mulheres/professoras, pois enquanto pressões referentes à avaliação recaem sobre os gestores, estes esperam a participação da família na escola. Vale repetir a citação, extraída da Aprendendo com carinho (Sec. de Educação e Cultura, João Pessoa, 2002), feita por Maria Eulina Pessoa de Carvalho: “os pais são os primeiros professores e a casa a primeira escola da criança”.
REFERÊNCIAS:
CARVALHO, Maria Eulina Pessoa de. Modos de Educação, gênero e relações escola-família. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v34n121/a03n121/pdf
 Acesso: 22/07/2011.


sábado, 30 de julho de 2011

Resenha-Gênero e sexualidade: o que a escola tem a ver com isso?

Tanto os vídeos acima quanto a pesquisa de Marcela Lima da Silva e Flávia Fernandes de Carvalhaes, apresentado no I Simpósio sobre Estudos de Gênero e Políticas Públicas, na Universidade Federal de Londrina, tentam responder e perceber como o ambiente escolar trata as questões referentes ao gênero e sexualidade. No intuito de gerar mais subsídios para um debate a respeito deste tema, faremos, agora, a apreciação desta pesquisa que recomendamos leitura integral clicando-se no link.

Foi realizada uma pesquisa qualitativa buscando analisar quais representações sociais sobre sexualidade e gênero, presentes nos discursos da comunidade (professores, pedagogos, funcionários da secretaria e serviços gerais) de três escolas da rede estadual do município de Arapongas – PR, e verificar os efeitos desses significados nos materiais didáticos, projeto pedagógico e, principalmente, na relação com os alunos. Foram utilizados questionários combinando perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, como instrumento de coleta de dados.

As autoras percebem que a escola, além de cumprir com a função de controle do tempo e controle dos corpos, também possui um controle mais abrangente, visto que possui o controle sobre o próprio mecanismo de produção do conhecimento, fixando os indivíduos a um saber já estabelecido pela instituição. Esta Instituição, portanto, participa ativamente nos processos de socialização, auxilia os indivíduos em seu processo de assimilação das normas sociais, ordenando comportamentos e unificando linguagens, penalizando àqueles que se recusam ou que se desviem dessas normas.

Sendo o papel social da escola articulada a práticas de docilização e atribuição de naturalidade a fatos sociais, isso implica, muitas vezes, na impossibilidade de circulação de reflexões críticas na comunidade escolar, tais como questões relacionadas às construções sócio-históricas evidenciadas pelos estudos da sexualidade e de gênero.

Foucault (1988) diz que a nossa sociedade transpôs o “umbral da modernidade biológica” na passagem do século XVIII para o XIX, exatamente por serem os corpos (indivíduos) e a espécie humana o foco das estratégias políticas do poder disciplinar, que se deu através do controle biológico (natalidade, mortalidade, práticas sexuais, etc.) da população, respaldado pela produção de um discurso científico que denomina de “biopoder”. Acredita que a construção social tem um papel fundamental na elaboração da sexualidade humana, pois, segundo o autor, a sexualidade não é um dado da natureza, mas uma produção social consolidada em contextos culturais e com finalidades políticas.

Nesse sentido foram analisados os efeitos desses discursos nas respostas obtidas através dos questionários, que foram aplicados aos professores com perguntas abertas, que buscaram verificar representações sociais da comunidade escolar sobre aspectos relacionados à sexualidade e gênero. As perguntas problematizavam, principalmente, o conhecimento a respeito dos estudos de gênero, papéis sociais atribuídos a homens e mulheres, a existência de desigualdades no tratamento de alunos do sexo masculino e feminino, e como são problematizadas as questões das diversidades sexuais.

Foram distribuídos cinqüenta questionários em três escolas da rede estadual do município de Arapongas, sendo que os dados coletados abrangeram 78% das respostas foram de professores(as), 8% de pedagogos(as) e 14% funcionários(as) da secretaria e dos serviços gerais.

Através das respostas, percebeu-se que são raras as orientações e cursos de capacitação profissional sobre questões relacionadas à sexualidade e gênero, sendo que dos profissionais que responderam ao questionário, 84% declararam nunca ter tido nenhum tipo de curso sobre essas temáticas e 92% declaram não ter participado de curso que abordasse as diversidades sexuais. Apenas 0,2% das pesquisados declarou haver questões de gênero e sexualidade na grade curricular da especialização.

Importante é perceber que 90% dos profissionais acessados são do sexo feminino, o que pode ser compreendido pelo fato de a escola ser interpretada culturalmente como uma Instituição que, juntamente com a família, é responsável pelo cuidado e disciplina das crianças e jovens, papel socialmente destinado às mulheres

Sobre estudos de gênero e da sexualidade, a maioria desses profissionais de educação admite não conhecer nada a respeito (62%), e àqueles que declaram conhecer, em sua maioria, associaram esses estudos à homossexualidade e a distúrbios.

Na análise dos dados coletados, 43% das respostas obtidas indicam a atribuição de naturalidade a diferença de papéis sociais entre homens e mulheres na sociedade. Ao masculino foram atribuídas representações sociais de provedor e responsável pelo orçamento da família, autoridade, poder, força física, razão e rapidez em decisões. Já ao feminino foram atribuídos significados sociais como “dona do lar”, chefe dos cuidados domésticos e dos filhos, maternidade, delicadeza, emoção e responsável pelo equilíbrio do lar.

Ao responderem ao quesito igualdade de tratamento entre meninos e meninas no ambiente escolar, a grande maioria (80%) afirmou que sim, o que soou paradoxal, devido ao número significativo de respostas que afirmam estereótipos de gênero e papéis sociais cristalizados. As representações sociais de masculino e feminino, por estarem tão naturalizados e incorporados, geralmente produzem diferenças de tratamento entre alunos meninas e meninos no ambiente escolar.

As contradições entre discursos e práticas sociais encontradas nas entrevistas, traduzem valores, noções e representações construídas na Modernidade, ao mesmo tempo em que permite refletir sobre o quanto algumas normas sociais estão sendo ressignificadas na sociedade contemporânea.

Em relação ao regimento escolar e a organização do trabalho pedagógico, 30% dos entrevistados declararam desconhecer se esses contemplam questões sobre sexualidade e gênero, 54% declara que inexiste esse conteúdo. Atrelado a essas respostas, 64% dos pesquisados declararam que o material didático não contempla questões sobre diversidades sexuais, o que provavelmente contribui para legitimar informações e práticas equivocadas e preconceituosas com alunos homossexuais.

Cabe observar que 63% dos entrevistados declararam não haver nenhum programa de educação sexual na escola, e 15% declarou que os assuntos referentes à educação sexual são contemplados nas matérias de biologia e ciências do corpo humano. Tais disciplinas, geralmente, abordam as construções sócio-históricas da sexualidade e dos gêneros, através de paradigmas naturalistas.

Cabe ressaltar que, de acordo com a idade e tempo de formação dos profissionais que responderam aos questionários, a maioria se formou nas décadas de 60, 70 e 80, em plena ditadura militar, onde assuntos como sexualidade e, principalmente, homossexualidade eram (e ainda são em muitos lugares) proibidos, o que prejudicou a formação crítica e a obtenção de informações sobre essas temáticas, aliado a falta de conhecimento e capacitação, o que contribui para as dificuldades desses profissionais em apreender novas concepções e perspectivas teóricas e metodológicas.

Diante desses dados, pode-se analisar que há poucas oportunidades de reflexão acerca das questões de gênero, sexualidade e diversidade sexual na comunidade escolar, o que acarreta práticas e discursos equivocados, moralistas e preconceituosos. Ressalta-se, ainda, danos maiores a alunos homossexuais, a mercê de tratamentos baseados em valores morais e/ou religiosos, o que acarreta em prejuízos para todos, visto que esses valores refletem de uma organização social machista e preconceituosa. Como nas seguintes falas transcritas dos questionários:

“(...) O assunto ainda é complicado. É melhor respeitar e quando possível ajudar. Mas não me sinto preparada. Porque biblicamente esse é um ato reprovado pelas escrituras bíblicas, mas amamos toda criatura de Deus.

(...) O tema não me agrada. Respeito, mas não concordo, é como se tivéssemos que ver tudo como certo. E sabemos que não é certo.

(...) O que ainda se percebe é a diferenciação com relação aos alunos que possuem opções sexuais diferentes”.

Portanto, conclui-se que as narrativas que aparecem na análise do material coletado, apontam para a permanência de processos de normatização que estão em trânsito na contemporaneidade. Valores como, por exemplo, o reconhecimento da mulher através da maternidade, dos homens como provedores e da homossexualidade como perversão, não foram completamente subvertidos nos discursos e práticas sociais em muitas escolas.

É necessário refletir cuidadosamente sobre atribuições de gênero que cristalizam possibilidades de ação e escolha de homens e mulheres, sobre o quanto muitos dos discursos presentes na comunidade escolar contribuem para a legitimação desses papéis e para a produção de processos de exclusão e estigmatização.