DISCRIMINAÇÃO INSTITUCIONAL
A discriminação institucional (Bento, 1992) tem caráter rotineiro e contínuo, sistêmico, às vezes burocrático, pode variar de aberta ou encoberta, visível ou escamoteada da visão pública. É importante salientar que:
· discriminação institucional ocorre independente do fato de as pessoas terem ou não preconceito aberto, terem ou não intenção de discriminar;
· racismo institucional faz parte da lógica das sociedades racistas;
· comportamentos de gestores, aparentemente livres de preconceitos, podem gerar conseqüências negativas para os grupos sociais discriminados.
São exemplos de discriminação institucional:
· a ausência de negros nos postos de trabalho, mesmo que não ocorram atos isolados de vandalismo contra negros;
· as altas taxas de mortalidade entre crianças negras, decorrentes de habitação ou alimentação inadequadas;
É necessário chamar a atenção para os seguintes fatos:
· a discriminação racial tem como motor o desejo de manutenção e a conquista de privilégios de um grupo sobre outro;
· a noção de privilégios é essencial: o desejo de manter o privilégio, combinado ou não com a rejeição aos negros, gera discriminação;
· a discriminação é uma ação que restringe, que viola direitos e, para combatê-la, necessita-se da criação de normas regras, leis institucionais. (CERT 2005 p.65)
CERRT, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Educação. São Paulo, 2005.
DISCRIMINAÇÃO INSTITUCIONAL E BRANQUITUDE
A discriminação institucional tem caráter grupal, coletivo funciona como um acordo não verbalizado de modo que os agentes, em diferentes contextos, atuam de maneira similar, ou seja, sempre na defesa dos interesses do grupo.
Muitas vezes, gestores brancos em lugares de poder oferecem grandes resistências á implementação de políticas de promoção da igualdade racial. Provavelmente muitos deles não se reconhecem como parte indissociável do quadro que gerou a desigualdade racial, bem como de sua reprodução contemporânea e de seu modo de funcionamento.
Em pesquisa realizada na administração pública, Bento (2002) observou que gestores organizacionais, habitualmente omissos quanto à discriminação contra negros, mostravam-se preocupados com a possibilidade de as políticas de ação afirmativa, ou de promoção da igualdade racial, discriminarem os brancos. Essa cumplicidade parece ser um importante elemento de identificação e de identidade branca, que influencia a ação desses gestores no cotidiano do trabalho.
Vale lembrar que os brancos são “racializados” simplesmente por viverem em uma sociedade racializada, é necessário observar a experiência de ser branco. A ação de um gestor está sempre informada por essa condição de branco, que não é neutra, embora busque aparentar neutralidade. É sempre salutar perguntar: “ O que significa ser branco no Brasil”.
CERRT, Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades. Políticas de Promoção da Igualdade Racial na Educação. São Paulo, 2005.
Para assistir a vídeos sobre este tema, siga o link abaixo.
http://www.ceert.org.br/videos.html
(Contribuição de Wendes Axis Cordeiro)