Mapa das Ações afirmativas no país

Mapa interativo das ações afirmativas nas Universidade públicas do país

O EDUCAFRO (ONG cujo objetivo é é reunir pessoas voluntárias e solidárias que lutam pela inclusão de negros, em especial, e pobres, em geral, nas Universidades Públicas ou Particular com bolsa de estudos, possibilitando seu empoderamento e mobilidade social) lançou essa ferramenta para acompanhamento das Universidades que promovem Ações Afirmativas.

Contribuição de Renato de Alcantara

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

O moderno Movimento Negro brasileiro: trajetórias


Com profundas relações com os períodos de democracia plena no Brasil, o movimento negro moderno emerge no século XX, propondo a integração do negro na sociedade capitalista. Grêmios recreativos, associações beneficientes e sociedades cívicas constituíram-se como espaço de lazer e auxílio da população negra pobre. Destaca-se a Frente Negra Brasileira (FNB) cuja atuação era baseada no enfrentamento público do preconceito e daqueles que impediam o pleno gozo dos direitos civis. Antes mesmo que a integração social dos afrobrasileiros se desse, a própria Frente, composta por profissionais liberais, garantia uma rede de proteção social para os seus associados, através de assistência financeira, jurídica, médica e educacional.
Por não ter eco na agenda política dos partidos conservadores ou mais populares do país à época, as questões referentes ao/a negro/a eram efetivamente cumpridas pela FNB, que deixa como legado a prova da exeqüibilidade da universalização do conceito de cidadania no Brasil. Infelizmente, durante a ditadura de Vargas, as vozes desses valorosos homens e mulheres são caladas.
Findo o Estado Novo, temos o reflorescimento do movimento negro no país. Em um contexto histórico de questionamento das teorias racistas, que apoiaram o Nazismo e o Fascismo, os militantes da causa do/a negro/a não buscam somente a integração social: o foco desloca-se, também, para a expressão cultural e sua ligação com a sociedade. Entidades luminares são A União dos Homens de Cor (UHC) e o Teatro Experimental do Negro (TEN).
A primeira objetivava dar visibilidade à temática do preconceito racial. Já o TEN, tinha como objetivo a valorização da identidade cultural e o reconhecimento da ancestralidade africana, entendida como elemento antialienante, antídoto para o embranquecimento social, aceitação tácita de valores da sociedade dominante, composta por brancos Sua atuação surge na urgência da construção de um teatro negro que se oponha à discriminação na vida social do país.  Veja no vídeo abaixo a fala de seu fundador o intelectual, ator, dramaturgo e Senador Abdias do Nascimento (1914-2011)

Peças com temáticas afrobrasileira ganham força e importantes atores são revelados como Haroldo Costa, Abdias Nascimento, Rute de Souza e Lea Garcia. Além disso, o TEM não perde a meta da inserção do negro na comunidade político-econômica brasileira. Mais uma vez a ditadura, agora a gerada no golpe de 1964 silencia as vozes da igualdade.
Em meados de 1970, com a abertura política, nova mobilização negra floresce: Influenciada pelo marxismo, embalada pela soul music, estilizada no black power estadunidense, agrega um novo conceito à luta contra o racismo, a consciência negra despertar crítico para a luta por reconhecimento e cidadania num movimento simultaneamente individual e coletivo de afirmação étnico-racial que se liga às particularidades de nossa realidade sócio-histórico-cultural, sendo o Movimento Negro contra a Discriminação Racial a entidade mais representativa desse período.
Contemporaneamente, o movimento negro assume a reinvidicação por direitos civis sociais e reconhecimento social. O fato de haver, hoje, as comemorações no feriado de 20 de novembro, homenagem a Zumbi dos Palmares e a Consciência Negra mostram que essas agendas vêm sendo atendidas, apesar de ainda haver um grande caminho a se trilhar para a plena conquista da igualdade.
Se as mobilizações dos Movimentos Negros e de parceiros de outros movimentos sociais possibilitaram a criação e fortalecimento da Fundação Palmares, da criação da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, e da promulgação da lei 10639/2003, instituindo o ensino de História e cultura da África e dos/das Afrobrasileiros/as em todas as instituições de ensino do país, ainda há muito o que se fazer para que o país garanta pleno exercício da cidadania a todos e todas: negros, negras, branco, brancas, índios e índias.
(contribuição de Renato de Alcantara)

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